Desde julho, Código Disciplinar está só no papel
O Código Disciplinar da Fifa, que por 15 anos se manteve praticamente igual, ganhou uma nova versão em julho do ano passado, quando a entidade decidiu investir pesado na luta contra o racismo no futebol. Entre as medidas anunciadas estava a que permite ao árbitro não só interromper uma partida, como também determinar a derrota da equipe responsável por manifestações racistas.
E o que aconteceu desde então? Uma punição ou outra a clubes e seleções, nada muito incisivo. Ao contrário, o brasileiro Taison, que reagiu aos insultos na Ucrânia, foi expulso pelo árbitro; o zagueiro Kalidou Koulibaly, francês naturalizado senegalês, também foi expulso num jogo do Campeonato Italiano; e o malinês Marega, do Porto, recebeu cartão amarelo por reagir aos gritos que vinham da torcida do Vitória de Guimarães.
Três exemplos para mostrar que estamos apenas no discurso de que “isso tem de mudar”. Têm-se de cobrar melhor postura do árbitro em campo, resguardado que é pelas normas da Fifa. Ou será que ele não está protegido para agir assim? Punição às torcidas, pois mesmo sendo manifestações de minorias, precisam pagar o preço de ficar fora dos estádios, para que elas próprias indiquem os infratores. E até mesmo o clube, de forma pecuniária, para que invista em campanhas educativas junto a seus torcedores.
Não sou favorável à punição esportiva, vinda de um tribunal. Que culpa têm os jogadores, na maioria das vezes solidários aos companheiros de profissão ofendidos, para serem prejudicados com a perda de pontos que conquistaram em campo? Mas isso é outra discussão.
A Fifa impõe regras e muda leis em países que organizam Copas do Mundo. Muda o calendário de todos os campeonatos mundo afora, para satisfazer sua vontade própria de organizar uma Copa no Qatar. É tão grande que tem mais filiados que a ONU. De que adianta tanto poder, se na hora de utilizar aquele que realmente importa ela não se manifesta como deve?
Edição: Verônica Dalcanal
Agência Brasil